
Embora seja um tema amplamente discutido no meio corporativo, na prática ainda é pouco explorado, de fato, qualidade é uma exigência no mercado atual, porém, analisando por um outro ângulo, essa mesma exigência pode ser uma ferramenta estratégica para o negócio. Mas a final, o que é qualidade? De acordo com o Aurélio, é uma propriedade que determina a essência ou natureza de um ser ou coisa. Mas o conceito Qualidade no meio produtivo vem passando por modificações significativas que podem impactar positiva ou negativamente o processo de produção.
Há inúmeras classificações para os diversos períodos da Qualidade na história da indústria, no início do século XX o conceito Qualidade era baseado na inspeção, essa atividade era concentrada exclusivamente na inspeção do produto acabado. É válido ressaltar que, trata-se do fim da era de produção artesanal e início da produção industrial em grande escala. Foi Frederick Taylor conhecido por ser o criador da “administração cientifica” quem atribuiu maior legitimidade à atividade de inspeção, separando-a do processo de fabricação e designando-a a profissionais especializados. Nessa perspectiva, o controle de qualidade possuía atividade limitada, a solução de problemas por exemplo, não era de responsabilidade da área de inspeção. Inúmeras pesquisas contribuíram para o conceito que temos atualmente, a Qualidade que temos hoje, é muito mais que atributos de um produto acabado, visa também, a organização como um todo e a forma como ela interage com o mundo ao seu redor. Com isso, as áreas que compõem um processo produtivo, estão cada vez mais integradas, compartilhando assim, a responsabilidade de produzir com excelência do início ao fim. Afinal, um produto de qualidade, não é aquele que não tem defeitos, mas sim, aquele que além de atender à necessidade do consumidor, atende as listas de exigências legais e do próprio fabricante.
As legislações para fabricantes de alimentos estão cada vez mais rigorosas e os consumidores cada vez mais instruídos. Hoje no Brasil, só em relação as Boas Práticas de Fabricação, existem 12 regulamentos técnicos que dispõem sobre o tema, três deles são aplicados à fabricação de alimentos de modo geral e nove à categoria específica de alimentos. O que esses regulamentos têm em comum, é que todos prezam pela produção de alimento seguro que não ofereça risco a saúde do consumidor. Analisando de forma estratégica, o que vemos nessas exigências legais são ferramentas infalíveis para gestão, dessa forma, o Manual de Boas Práticas de Fabricação (MBPF) deixar de ser um documento de gaveta, conforme muitos fabricantes acreditam ser, e passa assumir sua real função, que é direcionar as condutas de processo e ações para melhorias contínuas. Como exemplificação da forma alternativa que as exigências podem ser trabalhadas, seguem 4 dos muitos benefícios embutidos nas normas de Boas Práticas de Fabricação:
1) Melhoria da eficiência e competitividade: Podem ser conquistadas através da redução de desperdícios e aumento da produtividade;
2) Enriquecimento da imagem da empresa: A adoção das BPF demonstra o compromisso da empresa com a qualidade e segurança dos produtos, o que melhora a sua imagem perante os consumidores e outros stakeholders;
3) Acesso a novos mercados: Muitas empresas exigem a certificação em BPF como requisito para firmar parcerias ou contratos, o que pode abrir portas para novos mercados e oportunidades de negócios;
4) Satisfação dos clientes e consumidores: Ao adquirir produtos de empresas que seguem as BPF, os consumidores têm a garantia de que estão adquirindo produtos seguros e de qualidade, o que aumenta a sua confiança na marca.
É necessário treinar o olhar para enxergar além das exigências e erguer o pilar Qualidade. Conforme disse Aristóteles, “Excelência é uma habilidade que se conquista com treinamento e prática. Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um ato, mas um hábito".
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